Eu estava ainda na faculdade de Desenho Industrial quando fui a um workshop de um premiado fotógrafo publicitário que me impressionou muito pelo seu portfolio de imagens incríveis e clientes importantes.
Isso foi há mais de 15 anos, nos anos 2000. Eu era um estudante que passava a maior parte do meu tempo no laboratório da UFRJ, revelando filmes e ampliando fotos, e sonhava um dia me tornar um fotógrafo profissional. Mas eu não tinha a menor ideia do que era o mercado de fotografia e os únicos fotógrafos que eu conhecia na época eram amadores ou professores com enorme conhecimento teórico sobretudo no campo da arte, mas pouca experiência prática ou do aspecto comercial.
Aquele evento foi, então, a primeira oportunidade que tive de conhecer o trabalho de um fotógrafo profissional no mercado publicitário que mostrou o making of daquelas fotos que encantaram nas revistas e cartazes. Uma experiência decepcionante. Uma imagem de um sanduíche construída com uma série de fotografias: uma do pão, outra do molho, outra para o hambúrguer, depois a salada, etc. Trinta e tantas layers no Photoshop com shadows e highlights adicionados ou realçados digitalmente. No auge da minha arrogância dos vinte e poucos anos e influenciado por defensores da fotografia de película com cromo ou sais de prata, questionei aquela técnica toda em um auditório cheio. Aquilo para mim não era a morte de uma fotografia que eu idealizava.
Posteriormente, eu tive a oportunidade de conhecer outros fotógrafos e outras técnicas para chegar a imagens igualmente incríveis. O principal mestre que tive foi o Alexander Landau, que eu considero o mais relevante fotógrafo de Gastronomia do Brasil. Um profissional que compõe cada imagem e depois monta um set de luz super sofisticado com flashs, fontes de luz contínua, espelhos, rebatedores e bandeiras. Uma foto pode levar às vezes horas até finalmente estar pronta para o clique perfeito.
Eu acabei seguindo por esse caminho e gosto de fazer fotos no clique, como dizemos no jargão da fotografia, que não precisam de muito trabalho de manipulação no Photoshop na pós-produção. Porém eu optei por usar esquemas de luz não tão sofisticados, por um lado, porque a simplicidade me encanta e, além disso, por um posicionamento comercial, eu ofereço uma quantidade maior de fotos aos meus clientes.
Esse caminho eu fui escolhendo com a maturidade e a experiência que ganhei ao longo da minha carreira. E, também com a maturidade, só depois de anos consegui valorizar a resposta que me deu aquele primeiro fotógrafo no workshop, quando questionei a sua técnica. Ele me disse de forma muito educada e gentil que o importante era o resultado final. Se a imagem é boa e encanta, a técnica utilizada não diminui o trabalho.
Hoje eu aplico essa lição, antes de me preocupar com a técnica, analiso o resultado que quero atingir no final.
"Se antes as fotografias eram um recurso importantes para vender, agora são imprescindíveis"
Estas são palavras de um dos meus clientes que se tem valido das Fotografia Gastronómica para manter o seu negócio vivo apesar de todas as dificuldades e restrições.
Nesse momento, a venda online é a única alternativa para a maioria dos negócios e para a restauração não é diferente. O marketing digital é a principal arma para manter os restaurantes abertos e a Fotografia Gastronómica é a maior aliada para despertar o apetite nos seus clientes.

O termo #foodporn popularizou-se nas redes sociais como uma hashtag no Instagram usada para definir aquelas imagens de comida que despertam o desejo de comer só ao olhar para a imagem.
O Instagram ganhou, nos últimos anos, enorme relevância no cotidiano das pessoas que compartilham, além de paisagens, pets e selfies, muitas fotos de comida. Seja uma receita fit ou um fast food, as fotos de comida são uma tendência. Assim, o termo foodporn popularizou-se para além das redes sociais, e tornou-se um estilo fotográfico.
Porém, o que define uma imagem como foodporn não são os adornos periféricos, mas as características essenciais daquela comida: a cor, a textura e o brilho de cada receita. O foodporn não está no talher nem na loiça, que, é verdade, ajudam também a ornar e ambientar o alimento na imagem, a transportar o utilizador para aquela experiência sensorial da gastronomia. De fato, o diferencial que define o foodporn é, por exemplo, a cor de um suculento bife grelhado ao ponto ou o recheio de chocolate que escorre de dentro do cookie. Foodporn é a comida real, às vezes com alguns defeitos e umas migalhas caídas pela mesa mesmo, mas com tempero e com alma.
É essa essência e essa alma que um fotógrafo de gastronomia deve buscar retratar na fotografia. É esse o desafio em que eu me coloco a cada trabalho: transmitir o sabor de cada prato através das lentes da câmera. Ou seja, o meu objetivo é criar imagens que valorizem os alimentos e que deem vontade de comer.

Veja os bastidores da sessão fotográfica e o testemunho das clientes sobre esse trabalho de Fotografia Gastronómica dos bolos da Make a Cake
"A gente não é só um bolo, a gente é a Make a Cake. Então, nós somos, hoje, diferentes de todo o mercado e ele conseguiu captar isso muito rápido..."
Não foi a nossa primeira experiência com foto. Foi a nossa terceira ou quarta experiência com foto. E a gente está se surpreendendo com o resultado. Está sendo muito legal. Cada foto que a gente olha a gente fica com brilho nos olhos! O trabalho do Eduardo está sendo perfeito.
Uma das maiores satisfações para um fotógrafo é receber mensagens dos clientes. Isso não é tão comum na fotografia comercial. Acredito que os fotógrafos de casamento ou de gestantes recebam mais do que eu.
É verdade que muitas vezes percebo a reação imediata do cliente àquela imagem deliciosa do prato fotografado, mas uma das maiores satisfações para um fotógrafo é receber mensagens positivas dos clientes.
Apesar de muitas vezes o feedback não passar de: "Gostei!", "Amei!", "Ta lindo!" - uma reação emotiva que me enche de orgulho, claro! - existem algumas ocasiões em que os clientes me relatam casos e dados irrefutáveis da eficiência do meu trabalho.
Uma dessas ocasiões foi ter recebido uma mensagem entusiasmada da consultora de marketing de uma rede de bares para o qual fotografei. O negócio teve um aumento de 18% nas vendas graças às fotos que tínhamos feito.
A tal rede tem mais de uma dezena de bares famosos pelos seus petiscos que geralmente são acompanhados por cerveja e, em todas as lojas, há aparelhos de tv que mostram imagens dos itens do menu. Na filial mais nova, resolveram implementar uma carta de cocktails e me contrataram para fotografá-los.
Meu trabalho tem como objetivo atrair mais clientes para o seu negócio através de fotografias que dão água na boca - e eu gosto mesmo é de fazer aquele foodporn que dá vontade de lamber a tela do telefone ou o menu.
O aumento se deu justamente nesse produtos, de maior valor, na semana em que as imagens foram mostradas nas telas, em comparação com as semanas anteriores em que as bebidas já estavam a venda, mas as fotografias ainda não eram exibidas.
Daí, podemos tirar duas importantes conclusões, a primeira é utilizar televisões para exibir os produtos e, assim, seduzir os clientes a pedirem. Não desperdice essa oportunidade exibindo novelas ou telejornais. Ou, se não quiser tiver ou não quiser as tvs nas paredes, podem ser quadros com as fotografias.
A segunda conclusão, sabe qual é? Uma boa fotografia faz os clientes comprarem!
Ter imagens de qualidade vão além da boa produção de conteúdo para redes sociais ou para o menu, elas impactam diretamente nos lucros do seu negócio. Invista em boa fotos e conquiste cada vez mais clientes.


Foi em março que eu realizei esse trabalho no Aconchego Carioca. O restaurante especializado em comida brasileira é uma referência na Gastronomia do Rio de Janeiro, assim como a proprietária, Katia Barbosa.
A Katia deu um depoimento falando sobre o meu trabalho nesse making of desse ensaio fotográfico. Veja os bastidores das fotos do Bolinho de Abóbora recheado com carne seca e a Moqueca de Banana da Terra com Palmito.
Além desses pratos, ainda fotografei o Ceviche de Banana da Terra do Bar Kalango, da Katia Barbosa e do Chef Emerson Pedrosa.
Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras, tradução adaptada de uma famosa frase em inglês: “a picture is worth a thousand words”. A autoria é desconhecida, provavelmente do início do século XX. Uns atribuem a um publicitário, outros a um editor de jornal.
Se por um lado a origem é imprecisa, a semântica, por outro lado, é facilmente comprovada tanto nas páginas dos jornais quanto nos anúncios publicitários. O poder da imagem é inquestionável.
Uma fotografia, muitas vezes, tem o poder de comunicar detalhes que as palavras não são capazes de descrever, como por exemplo, a expressão contida em um olhar. Outras vezes, a foto comunica mais rápido do que o texto, como em uma propaganda de sanduíche. Neste caso, aliás, além de retratar o produto, a imagem ainda tem o poder de instigar, apenas pela visão, outros sentidos do expectador. Por associação, uma boa fotografia de comida pode nos fazer salivar, sentimos seu aroma e seu paladar quando os associamos ao prato. Quem nunca?
Apesar das citadas vantagens das imagens sobre os textos, estes não estão obsoletos. Não é o caso de substituir um pelo outro, mas usá-los em conjunto de forma harmônica. A fórmula da boa comunicação é combinar texto e imagem, tirando proveito das suas características, em benefício da mensagem.

O mês de setembro começou com uma boa notícia, fui selecionado entre os vencedores do concurso Latin American fotografía 4.
Recebi, nessa primeira semana de setembro, um e-mail que aguardava quase descrente. A mensagem em espanhol e português me dava os parabéns por estar entre os ganhadores do concurso de fotografia internacional no qual havia me inscrito meses antes.
Trata-se do 4º Concurso Anual de Fotografia Latino Americana. O concurso é promovido pela American Illustration-American Photography (AI-AP) e premia os melhores trabalhos criados na América Latina ou sobre a América Latina.
A imagem premiada faz parte da série sobre o MMA na qual eu registrei a concentração e preparação de um atleta, o Gugu “Besouro” Dutra, durante o dia da luta, desde o momento que ele chegou a arena onde onde seria a luta, até ele deixar o local.

www.ai-ap.com/slideshow/LAF/4/
Muitos idealizam apenas a carreira de fotógrafo como glamour, imaginando trabalhos com fotografia publicitária, editoriais de moda ou ainda vernissage em galerias de arte. Poucos se interessam em conhecer a realidade dos bastidores: muito trabalho e um longo caminho, marcado por esforço e dedicação, para consolidar o próprio nome no mercado e conquistar o respeito dos pares.
Vamos, antes de tudo, definir o que é um fotógrafo profissional: é aquele que ganha dinheiro fazendo fotografias, enquanto o amador faz apenas por amor. Não considero que um seja melhor do que o outro, embora o profissional tenha a obrigação de se formar, se especializar, se atualizar.
Não existe um caminho ideal para se começar uma carreira profissional na fotografia nem há uma formação acadêmica específica, sequer há um curso de fotografia nas universidades públicas ou empregos com planos de carreiras. Com exceção de alguns jornais e revistas, com redações cada vez mais enxutas, os fotógrafos são freelas!
Em um mercado super competitivo, os profissionais autônomos, com as mais diversas formações, precisam correr atrás de trabalho todos os dias, estudar e aprender continuamente. Entender este sistema é um trabalho demorado e muito mais complexo que compreender o funcionamento da câmera e o comportamento da luz.
No meu caso, me formei em Desenho Industrial na Escola de Belas Artes da UFRJ. Logo nos primeiros períodos quando tive as primeiras aulas de fotografia e laboratório (fotografar com filme preto e branco, revelar os negativos e depois ampliar em papel fotográfico) decidi que queria viver de fotografia, e procurei uma formação que me preparasse para o mercado.
Logicamente, não encontrei ali. Tive uma ótima experiência e uma formação muito mais abrangente, mas, nada prática. Procurei alguns cursos fora da universidade, mas também eram muito superficiais: ou muito básicos, ou muito específicos.
Como não há no país um curso para formação de fotógrafos profissionais, a melhor escola é a prática, o mercado de trabalho e a troca de experiências. Posso dizer que minha experiência como fotógrafo assistente foi uma grande escola e que mesmo estando no começo da carreira, percebo que treinar sempre e buscar inspirações em grandes nomes já representam boa parte do caminho a ser percorrido.
Ser assistente de um grande fotógrafo é uma experiência importante no início da carreira um fotógrafo. Foi assim comigo em parceria com o Alexander Landau, um profissional que é referência na área de fotografia de gastronomia. Trabalhei como assistente dele por um ano.
Não existe um caminho para se começar uma carreira profissional na fotografia nem há uma formação acadêmica ideal. Mas, com experiência de causa, posso dizer que a melhor escola é ser assistente. É o aquele velho caso em que “a gente ganha pouco mas se diverte”, e ao mesmo tempo também se aprende muito. Trabalhar ao lado de um bom fotógrafo é um diferencial no começo da carreira profissional.
Por meio do convívio, pude perceber que um bom fotógrafo conhece bem o assunto que fotografa. Um fotógrafo de moda experiente, por exemplo, consegue identificar em um instante, todos os defeitos de uma foto, como a postura da modelo, dobrinha na roupa, imperfeições na pele, etc.
Após muitos meses de parceria, posso dizer que o Landau é assim com os pratos que fotografa: em um primeiro olhar, ele identifica qualquer defeito, folhas murchas na salada, carne fora do ponto, sobremesa ressecada. Coisas que admito, comecei a ver somente depois da convivência.
Aprendi muito com o Landau, observando como usar as fontes de luz, flash e luz contínua, rebatedores, etc. Mas, especialmente, convivi e vi como se resolvia problemas do dia a dia na prática, se relacionava com clientes e fornecedores e lidava com imprevistos e dificuldades. Viramos amigos e tenho muito orgulho disso e de ter passado por essa etapa profissional e de ter trabalhado com ele.
Ao final de um ano de trabalho, o último projeto que fizemos juntos foi o livro As 101 Melhores Receitas Brasileiras, da Ana Maria Braga. As fotos do livro foram produzidas entre janeiro e fevereiro de 2014 e a obra teve projeto gráfico de um monstro do design editorial brasileiro, o Victor Burton.
A idéia do livro da Ana Maria era mostrar pratos típicos brasileiros, porém, com um diferencial:a produção sofisticada. Não é comum lembrarmos fotos de receitas tradicionais do Brasil servidas em pratos de louça sofisticados. E no livro foi assim.
Acumulei as funções de assistente e fotógrafo de making of. A princípio, minhas fotos seriam usadas como suporte para divulgação, pois a prioridade era dar assistência às fotos de comida. Mas, quando o livro foi lançado, tive uma surpresa: um capitulo inteiro com as minhas fotos de bastidores, com um destaque muito maior que esperávamos.
Este trabalho foi uma experiência para minha carreira e tive a sorte de ser assistente de um grande profissional e trabalhar ao lado de outros tantos. Assistir também é aprender!

